domingo, 27 de setembro de 2015

Entre modalidades e famílias... Novos passistas se revelam

"É uma dança, que vai e que vem / Que mexe com a gente / É frevo meu bem!"  (Capiba)

Em dois meses de trabalho novos foliões (e foliões novos) vêm se apaixonando pela dança do Frevo. Na pracinha lampião, por exemplo, com seus passistas mirins que todas as quartas e quintas acertam o seu passo, aprendendo que o frevo vai além da ponta do pé e do calcanhar, começando a entender essa dança tão rica de movimentos, entre famílias e variantes, garantindo que o legado de Nascimento do Passo permaneça vivo também aqui no sertão do Pajeú! Hoje vamos falar de duas foliãs especificamente, mas aos poucos mostraremos todas e todos que participam efetivamente das nossas ações. As duas "Marias", Maria Eduarda (8 anos) e Maria Jhúlia (5 anos), apresentam uma evolução muito gratificante, chegaram timidas assim como toda criança, mas já mostram uma grande desenvoltura seja na execução do passo como também na espontaneidade de dança-lo. Maria Jhúlia, com apenas 5 anos expressa no seu passo uma modalidade caracterizada pelo Mestre, e incluída na sua metodologia, que é a Modalidade da Criança. A modalidade da criança consiste, de forma geral, naquele passo despreocupado com a música, apenas fazendo o movimento e, entre um movimento e outro, paradas pensadas para poder executá-lo, como se tivesse tentando lembrar do passo, até caindo no chão e sorrir com o acontecimento.
Maria Júlhia e o passo "tesourão"
Duda executando o passo "dobradiça"
Outra coisa bem específica de Juju é o fato dela ter uma boa memória em relação ao nome dos movimentos, quando perguntamos ao grupo sobre os passos aprendidos em aulas anteriores, ela é uma das primeiras a se lembrar e tentar fazer o movimento com o seu jeitinho especial. Mª Eduarda, incentivada pela mãe a voltar a fazer frevo (antes Eduarda tinha aulas de frevo pelo SESC de Triunfo, cerca de 30 km de Serra Talhada), apresenta uma facilidade em desenhar e executar o passo, é esforçada e atenciosa com os movimentos e os detalhes necessários para a dança do Frevo. Duda têm um potencial visível para se tornar uma ótima passista e futuramente ser uma multiplicadora, sempre se preocupa em saber se está fazendo correto e se posiciona na frente para ficar atenta ao movimento feito pelo professor Gil Silva. Passos que exigem uma observação mais atenta, como os  da família dos cruzados, incluindo a tesoura e o passeando na pracinha, por exemplo, ela consegue aprender rapidamente, assim como também a família de passos que incluem a dobradiça e chã de barriguinha!
Sabemos que esta construção e a vivência do frevo deve ser constante, com dedicação, conduzida com amor e principalmente gostar da dança pois, qualquer dificuldade que se apresente no caminho do aprendizado, como a dificuldade de não acertar o movimento ou questões do dia-a-dia podem desestimular aos iniciantes da dança Frevo. 

Essa semana também fizemos uma parceria com a Fundação Cultural Cabras de Lampião, com aulas de danças populares para adolescentes que moram no Bairro Vila Bela. 


Aula de Cavalo-Marinho

Professor Gil Silva construindo o passo "dobradiça" com as crianças.

Jhúlia registrando sua presença.

Ponta de pé e calcanhar na pracinha lampião

Ponta de pé e calcanhar na concha!

Maria Jhúlia participando da roda e fazendo o passo "saci"


sábado, 19 de setembro de 2015

Frevo se dança na Praça*

*Tomaremos emprestado o título da reportagem feita pelo jornalista e historiador Tarcísio Rodrigues (Diretor da Casa da Cultura de Serra Talhada - a reportagem foi publicada no blog Caderno 1), primeiro que divulgou nosso trabalho aqui em Serra (Para ver a reportagem clique aqui), para iniciar nossas postagens sobre a semana de aulas e parcerias do SerTão Frevo! Essa semana também foi marcada pela criação do nosso Blog e lançamento da identidade do projeto. Refletindo sobre as cores escolhidas para a identidade do projeto, o professor Gil Silva enfatizou que:

  "A escolha pela cor branca representa toda as influências que recebi durante todo esse tempo que tenho na dança popular, nos diversos berços culturais pernambucano, como o caboclinhos, cavalo-marinho, maracatu e principalmente a dança do Frevo com o trabalho do Mestre Nascimento do Passo. Como Nascimento sempre me disse, na sua vivência e capacidade de observação que só um mestre tem, a dança do Frevo está contido em todas as danças e todas as danças está contida no Frevo....pude observar na ligação de todas essas danças com o frevo, seja no nome do passo ou no desenho corporal do movimento. O nome vermelho foi escolhido, por ser uma cor vibrante, pulsante, o sangue do Frevo que corre nas veias de todo pernambucano".

Estamos em fase inicial e em constante (re)construção das nossas ações, acreditando que isso requer tempo e dedicação, bem como a necessidade tomar como exemplo outros grupos e projetos que já atuam neste tipo de proposta há anos, como é o caso do grupo Guerreiros do Passo, grupo no qual o professor Gil Silva é um dos fundadores e participa na cidade do Recife há 10 anos, completados no inicio do mês. Manter um trabalho deste tipo necessita de ingredientes diversos, dos quais não pode faltar amor ao Frevo e acreditar que a cultura popular pernambucana pode ser transformadora de uma sociedade. É isso que nos move e faz com que reservemos um tempo e tomemos isso não como apenas mais uma atividade, mas como um trabalho sério de salvaguarda do Frevo. Nos unimos, então, a vocês que assim como nós amamos e acreditamos que o Frevo deve ser ouvido e dançado o ano todo, parafraseando Hugo Martins - "Frevo é música popular brasileira e como tal deve ser ouvida o ano inteiro", superando um pensamento simplista de que o Frevo é uma música apenas de ciclos, neste caso o ciclo carnavalesco e deve ser ouvida apenas naquele período. Vamos ocupar os espaços públicos para que as pessoas conheçam nossa cultura, é só chegar!

Lançamento da nossa identidade na pracinha Lampião - 17-09

Aula do dia 16-09 - Pracinha Lampião

Boneco de Olinda - 16-09

Professor Gil Silva

Olha o rojão...17-09

Parceria com a Fundação Cultural Cabras de Lampião - Dançarinos do Grupo "Herdeiros do Xaxado"

Concha - 19-09 - Na onda do Passo

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Diário de um passista e o encontro com Nascimento do Passo


O Diário de um Passista é um trabalho solo, construído por mim a partir de uma inquietação proporcionada pelo frevo, desde que me encontrei com o mestre Nascimento do Passo. Nasci e me criei no Bairro de Sitio Novo, Olinda -PE (na época carnavalesca, vários grupos se apresentam perto da minha casa como caboclinhos, maracatus...cavalos-marinho) onde na minha infância pude participar de manifestações culturais como escola de samba, la ursa, troças...e como toda criança/adolescente apenas observando....Muitas das manifestações eu tinha medo como o Morto Carregando o Vivo que passavam nas ruas, pedindo dinheiro nas casas e quando parava na frente da minha casa eu me escondia, tinha medo da brincadeira do carnaval. Mas um dia fui convidado junto com outras crianças a  participar de uma brincadeira de la ursa, organizada por uma pessoa ilustre a Dona Dá, que morava em frente a minha casa, anos depois ela se muda para a cidade alta e é homenageada no carnaval de Olinda. Gostei tanto da brincadeira que queria ser a la ursa, mas nunca me deixavam...ficava apenas na batucada, arrecadávamos dinheiro e fazíamos a festa com bolo e guaraná...No entanto a inquietação permanecia, não sabia o porquê, mas passei a observar o carnaval com outros olhos, as músicas, as brincadeiras, os foliões tudo isto já não me causava medo, eu queria está no meio. Um certo dia, na semana pré carnavalesca, assistindo um programa de TV que passava na emissora local, vi o Mestre Nascimento do Passo com seus alunos se apresentando, neste momento pude observar uma beleza até então para mim não revelada - o casamento da música e do passo, numa sincronia perfeita- Passei a tentar imitar os movimentos, a partir da primeira visualização que tive, fiz timidamente, desajeitado, sem nenhuma preocupação com aquela sincronia vista. A partir daí procurei o Mestre para ter aulas de Frevo, e neste encontro fui despertado para a dança. Com essa vivência que tive, inciada em Maio de 1996 na Escola Municipal de Frevo do Recife, pude também me despertar e participar de aulas de outros ritmos e, assim, ver na prática o que Nascimento sempre me dizia "O frevo está contido em todas as danças e todas as danças contém o frevo". O Diário do Passista foi apresentado pela primeira vez em 2011 no 1º Festival Brincantes realizado no Instituto Brincante, instituição que é comandada pelo multiartista Antonio Carlos Nóbrega em São Paulo-SP.  O Diário conta um pouco dessa vivência, que aos poucos irei compartilhar com vocês aqui. Abaixo mais algumas imagens* do espetáculo.






Gil Silva

*Fotos retiradas do site do grupo Guerreiros do Passo

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Passo a Passo

Nossa postagem de hoje traz algumas imagens das ações que realizamos nesses dois meses de reconhecimento do nosso campo de atuação. As aulas começaram com um público tímido, mas aos poucos mais adeptos foram chegando para aprender a Frevar! Fizemos também algumas parcerias, como aulas de Frevo para os dançarinos dos Cabras de Lampião (grupo de xaxado aqui de Serra Talhada) e participação na prévia carnavalesca do Bloco Tô na Conha (Que aconteceu no último dia 7 de setembro). As imagens falam por si, e estamos confiantes de que, passo a passo, o Frevo irá encantar e atrair mais apaixonados pela cultura pernambucana.


Imagem da primeira semana de aula na pracinha lampião

Na pracinha lampião, uma das alunas lendo a pesquisa, solicitada pelo professor Gil Silva, sobre o compositor que fez homenagem ao cabras de lampião.

Professor Gil Silva dando aula para os dançarinos do grupo de Xaxado de Serra Talhada "Cabras de Lampião" uma parceria com a Fundação Cultural Cabras de Lampião

Aula de Frevo na Concha- Sábado

Aquecimento e alongamento antes de iniciar a aula na pracinha lampião
Imagem da turminha reunida no final de uma das aulas que acontecem na pracinha lampião


A participação aos sábados ainda é tímida, mas fiel! Estamos lá sempre às 16h, na Concha, é só chegar!

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Venha 'Frever" no Sertão!

"Eu só queria que um dia o frevo chegasse a dominar em todo Brasil..."
 (Trecho da música de Jackson do Pandeiro - Micróbio do Frevo)

Bem-vindos a mais um espaço de divulgação do Frevo! No dia 20 de Julho de 2015 começamos a construir mais um capítulo na história da cultura popular pernambucana, com aulas gratuitas de Frevo no sertão de pernambuco, mais precisamente em Serra Talhada. Hoje nossas ações começam a ganhar forma de um projeto, o Sertão Frevo, que tem como objetivo principal divulgar essa cultura genuinamente pernambucana, que em 2012 ganhou o título de patrimônio imaterial da humanidade, por meio de ações de salvaguarda. O projeto está ganhando forma, e além das aulas de frevo e danças populares, outras ações estão sendo planejadas, em breve divulgaremos aqui no nosso Blog. Quem está a frente das aulas é o professor Gil Silva, discípulo do mestre Nascimento do Passo, que há 19 anos vem atuando fortemente na salvaguarda do frevo junto com outros amantes desta cultura no Recife, e agora em Serra Talhada com atividades que visam somar as já existentes na capital do xaxado. 

Nossas aulas são gratuitas e para todas as idades! 
Sempre as quartas e quintas 19h na pracinha lampião e aos sábados 16h na cocha ! É só chegar!



Frevo

Nasci meio confuso,
como toda criança, sofri influencias.
Me vi discriminado, renegado.
Acusaram-me de violento, até mortal.
Depois do batismo, tive uma vida mais respeitável.
Comecei a influenciar,
criei famílias, variedades, cores, poesia e balé.
Um pouco mais lento, um pouco mais rápido.
Fiquei conhecido em todo Brasil, até no exterior.
Mas, o que eu gosto mesmo, é provocar pessoas.
Minhas vocação é com a alegria.
Quando me soltam, fica difícil me controlar.
Sou forte, sou vibrante, sou lindo.
Mexo com o passado, o presente e o futuro. 
Eu sou o frevo pernambucano.

Poema de Geraldo Silva